CARAÍVA: o vilarejo tirado dos sonhos
Feche os olhos e imagine uma vila desenhada em aquarela. As poucas ruelas, todas de areia e rodeadas de casinhas rústicas, levam para dois lugares: uma praia e um rio, que se encontram e transformam o local em um cenário paradisíaco. O cair do sol traz um tapete de estrelas estampado no céu e o único som que se escuta é a combinação do movimento das águas com uma brisa suave.
Esse vilarejo, que mais parece ter sido tirado de um sonho, existe e se chama Caraíva. Localizado em uma península no sul da Bahia, a 74 km de Porto Seguro e a 39 km de Trancoso, tem a entrada de automóveis proibida – o acesso se faz via barco, que sai de Nova Caraíva e leva não mais do que três minutos para cruzar o rio com o mesmo nome da vila.
Esse pedacinho de terra ocupado por comunidades indígenas e por pescadores recebeu luz elétrica apenas em 2008 e faz questão de manter o estilo simples e aconchegante para receber seus visitantes, que chegam dos mais diversos lugares do mundo e que, não raro, decidem por lá ficar.
Não faltam opções para deixar seus dias recheados de paisagens de tirar o fôlego. A praia de Caraíva, que banha a vila, tem 2 km de extensão e é a mais movimentada, com opções de bares e restaurantes. Caminhando por ela chega-se à foz do rio Caraíva, com barracas que fornecem cadeiras e tendas – uma ótima opção para quem quer perder a noção do tempo enquanto relaxa e alterna banhos de rio e de mar. Lá, é possível alugar pranchas de SUP.
Para quem quer explorar a fundo o rio Caraíva, um trajeto de 20 minutos de lancha chega ao ponto ideal para a prática do boia-cross – uma descida de 1h30 em uma câmara de pneu pelo rio até chegar ao mar. Para garantir mais emoção, na maré baixa é possível amarrar as boias na lancha e pôr mais velocidade ao percurso.
Quem pretende aproveitar praias menos movimentadas pode atravessar o rio de barco (se a maré estiver baixa é possível atravessá-lo a pé) e encarar uma caminhada de 40 minutos pela orla para chegar à praia do Satu. O local leva o nome do seu único morador e também dono de um quiosque que oferece petiscos e bebidas. O único cuidado que os visitantes precisam ter é de não perder a hora de voltar enquanto curte a paisagem deslumbrante das duas lagoas de água doce e falésias do local, pois, se a maré sobe, a caminhada de regresso pode se tornar inviável.
Mais meia hora andando pela orla a partir da praia do Satu e se chega à praia de Juacema. Seus recifes permitem a formação de piscinas naturais perfeitas para um banho de mar em águas calmas.
Ponta do Corumbau é outra opção de passeio para quem está em Caraíva. Um trajeto de 12 km pela orla é percorrido a bordo de um bugue e, após cruzar o rio Corumbau em uma canoa, o turista encontra uma ponta de areia sobre o mar, local que abriga uma pequena vila de pescadores.
No caminho para a Ponta do Corumbau, vale fazer uma parada em Barra Velha (quem preferir, também pode acessá-la a pé de Caraíva), longa praia de água cristalina e casa da reserva indígena Pataxó, que produz artesanatos típicos para vender aos turistas.
Caminhando pelas poucas ruas de Caraíva é possível encontrar diversos restaurantes e bares, mas a maior parte deles está na beira do rio. O Boteco do Pará garante uma vista privilegiada do pôr-do-sol, tornando o momento ainda mais agradável com seus famosos pastéis – com destaque para o mais pedido pastel de arraia.
Como se o céu incrivelmente estrelado não bastasse para deixar a noite no vilarejo mais do que agradável, quando o sol se põe, o movimento se volta para a sua agitada vida noturna. A cada noite, ao menos um de seus aconchegantes bares recebe os visitantes e moradores ao som de forró ou MPB, que seguem noite adentro, sem pressa para terminar.
Para quem quer tornar sua vila praiana dos sonhos em realidade, Caraíva decerto não decepciona.